Os Trabalhos com Ayahuasca




Segundo Salvador Roquet há um momento da experiência psicodélica onde as defesas estão de fato no chão surgindo, principalmente em trabalhos de grupo, um sentimento de irmandade ancestral e extremo amor mútuo, de gestos de proximidade compassiva, perdão, consideração extrema e toda a delicadeza hippie, aberta, alegre e amorosa...Segundo Roquet trata-se de um 'delírio neurótico' que permeia alguns momentos da experiência. 

O trabalho não envolve uma nova família, novos compromissos sociais, um ideal de irmandade, um paraíso das inter-relações e todos os mesmos jogos só que agora sob o verniz de uma salada espiritual compartilhada...O narcisismo de platéia, as carências e traumas da infância, a necessidade de ser visto e aceito na própria neurose pelo grupo são um prato cheio pra amadores atrás de lucro apenas, em sessões sem qualquer critério ético pra além da moralização espiritualista. 

Os trabalhos com ayahuasca são da ordem do restrito, do individual, da individualidade, do caminho próprio livre das sugestões e intromissões sociais, livre de qualquer pseudoautoridade ou carteirada metafísica. É uma volta àquilo que sempre esteve e sempre foi nesse momento imediato...As aglomerações, as diluições de responsabilidade, os amortecimentos em sua mesmice, conforto e deslocamentos, a quantidade e superficialidade de uma maioria não tem nada a ver com processos dessa natureza.

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