Uma sessão envolvendo o uso da ayahuasca é algo grande. Terapeuticamente trata-se de um grande continente onde há espaço para intervenções e processos orgânicos que só aconteceriam dessa forma.
Não basta o atendimento terapêutico padrão, orientações, o diálogo franco ou a abertura de temas essenciais. Apesar da extrema importância da psicoterapia em si a intervenção simbólica não é o suficiente, é preciso a experiência direta. Uma desconstrução 'forçada', momentânea e segura, de tudo que foi estabelecido até então como vida e vida-em-relação. Ver diretamente o que sobra de ego, arestas e jogos: a responsabilidade pessoal intransferível em cada trama. Ver de frente o desajuste, mesmo que sutil e ver também todo ajuste aparentemente saudável mas mecânico, superficial, hipócrita. Ver, na verdade, o resultado da saída do estado natural. E saber o que é esse estado, antes de tudo.
Bruno Fontoura
