Apropriação

  



- Apropriação é neti-neti (isso não, isso não).
- Apropriação é individualidade pragmática (a-propria-acao).
- Em Apropriação não existe Outro, não existe hierarquia, não existem privilégios, não existe barganha social.
- Em Apropriacao não existe ordem, mando ou terceirização de afetos. Não há qualquer acordo de alocação.
- Na Apropriação pode haver miséria, pois são substitutos atuais da fogueira e da crucificação.
- Na Apropriação deve haver espreita, pois haverá perseguição.
- Apropriação é anarquia; e anarquia em sua raiz primeva é a supremacia do Si-mesmo, a supremacia de si-mesmo.
- Apropriação é revolução. Não há passo-a-passo, não há escada, não é gregária.
- Apropriação é o fim do acordo-entre-irmaos. 
- A Apropriação é escutada em sua ambivalência, e no surgimento do conceito teve também essa razão.
- A Apropriação sob a escuta do idiota causará toda classe de projeção.
- A Apropriação não é um caminho para o cristão, mesmo sendo o Cristo um fogo vivo da ação-propria.
- A Apropriação envolve pouco 'sim', é um apropriar-se do 'não'.
- Apropriação é desconstrução, ou melhor, só virá pos-desconstrução.
- Nada pode ser realmente dito por si mesmo antes ou sem o processo de Apropriação.
- A Apropriação envolve um salto subjetivo, da neurose à perversão, da perversão (polo negativo da neurose) à individuação.
- A Apropriação é a plena responsabilização pelo agenciamento do gozo, do êxtase e da afirmação.
- Na Apropriação não há sequer um mínimo traço possivel de vitimização.
- A Apropriação é o resultado da vida triturada, digerida e defecada. Não há restos na Apropriação. 

Bruno Fontoura

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